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terça-feira, 20 de dezembro de 2011

As memórias do BONI

Não poderia deixar de comentar o excelente programa que foi ao ar ontem, dia 19 de dezembro de 2011, às 22h: O RODA-VIVA. No dia de ontem, o entrevistado foi o BONI. Um nome conhecido por todos os amantes da história da televisão brasileira. Alguns comentários chamaram-me atenção. 

Em primeiro lugar, gostaria de divergir do ilustre entrevistado ao falar que todas as emissoras que saíram do ar tiveram sua inadimplência como causa. Pode ter sido o caso da MANCHETE, nos anos 90; da TUPI, nos anos 70, da TV RIO, nos anos 70 ou 80. No entanto, no que diz respeito à TV EXCELSIOR, as razões foram políticas, conforme declarado em alguns documentários. Entre eles, "ALÉM DO CIDADÃO KANE"; como também um documentário sobre a "PAN AIR". O dono da emissora e da linha aérea era o mesmo. Pelo que foi dito nos documentários, ele não era muito simpático ao governo que instalara-se no Brasil, a partir de 31 de março de 1964. Foi esclarecido no documentário o seguinte: a arbitrariedade foi tão grande que a linha aérea, superavitária, teve sua falência decretada pelo governo. Isto vai contra todos os manuais de Direito Comercial.

Outro fato que me chamou a atenção foi o BONI ter expressado suas suspeitas em relação ao incêndio que destruiu a Globo de São Paulo, a TV Paulista, na Avenida das Palmeiras. Não apenas a GLOBO, como também a BANDEIRANTES e a RECORD foram vítimas. Hoje, ele suspeita que foi uma ação da OBAN, Operação Bandeirantes. Esta operação de setores ligados ao governo militar tinha como objetivo deixar patente que a esquerda brasileira estava cometendo atentados contra os órgãos de comunicação no Brasil.

Não li o livro do BONI ainda. Desconheço se ele, em seu livro, mencionou os atentados à bomba nas bancas de jornais em 79/80. Nem se também foi narrada a trágica morte de D. Lydia Monteiro, na sede da ABI no Rio de Janeiro, em 27 de agosto de 1980. Os elementos químicos, no interior da correspondência, em contato com o ar, geraram uma enorme explosão.


Creio que nos anos 70, os terroristas queriam consolidar a ditadura. Ao passo que nos anos 80, seu desejo era não deixá-la morrer, em virtude da oxigenação dada à sociedade brasileira pelos ventos saudáveis da abertura política.

Em seguida, o BONI de maneira surpreendente reconheceu a baixa qualidade da música brasileira. Isto é muito raro as pessoas admitirem num canal de comunicação de massa.

Ainda nesta toada, ele sustentou que a nova classe C, oriunda das D e E, possuem a vontade de assimilarem a cultura da classe B. Em razão disto, a televisão aberta possui espaço para elevar a qualidade de sua programação.

Por fim, assinalou ser o futuro da televisão aberta o jornalismo. Se a notícia for importante, deve-se parar a novela. Não pode a notícia aguardar o próximo jornal, sob pena de ficar requentada diante da concorrência da "internet."

Conhecer a história do BONI no comando da GLOBO é conhecer a história recente do Brasil. A GLOBO por meio do seu jornalismo, das suas novelas, das brigas com a censura, da sua autocensura, construiu o Brasil. Lembro muito bem que era conservadora no jornalismo, pregava a liberdade dos costumes nas novelas, escrachava no jornalismo. 

Pode existir uma coisa assim? Fazer uma novela sobre a construção de Brasília, sem mencionar o Juscelino Kubtischeck de Oliveira? Existiu. A novela se chamava ESCALADA. Foi um sucesso.

Outras obras-primas. O CASARÃO, ESPELHO MÁGICO, GABRIELA e, por fim, o impagável, O BEM-AMADO.

Não me chamem de saudosista; digo-lhes porém que a televisão brasileira já produziu programas maravilhosos. Não foi apenas a GLOBO. Beto Rockfeller, Mulheres de Areia, A Viagem eram da TUPI.

Vou ler este livro. Tenho certeza de que ele contribui para manter vivia a memória da nossa televisão, como também da nossa história.






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