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domingo, 27 de março de 2011

Eloah, Eloah! - Página 1

Estamos numa grande cidade em qualquer parte do mundo. Uma reunião com as principais mentes de uma grande companhia em seu ramo de negócios está acontecendo da maneira mais comum. Aquele que preside a reunião e todos os outros são indivíduos comuns que podemos encontrar em qualquer parte do mundo, exceto um deles: Sérgio. Este homem era diferente de todos os outros. Na verdade, ele era único. Neste exato momento Sérgio está tentando convencer seu patrão de que a filial da qual ele é o gerente poderá superar a crise econômica e que em poucos anos estará produzindo tanto quanto o fazia no passado. Ele empregou todos os meios para persuadir seus ouvintes: mapas, estatísticas, a opinião de seu contador, a mais recente pesquisa de mercado, tudo que mostrava aspectos positivos para o futuro.

Mas seu patrão não mudou de idéia. O fechamento da filial de Sérgio fora decidido e ele viria para a capital, ganhando, é claro, menos.

Uma secretária entrou na sala e disse que sua mulher estava no telefone. Ele apanhou o telefone e falou:

-Sim, Isabel, eu sei... sim... Por favor, peça-lhes para esperar. A reunião está demorando mais do que o previsto... Tenho muitas coisas ainda para discutir... Sim, eu seu... eu sei que nossos convidados para o jantar são pessoas importantes... Estou tentando salvar meu emprego... nosso futuro... Ok. Tchau!

Um pouco zangado pela falta de compreensão por parte de sua mulher, ele desligou o telefone. A reunião continuou. Desta vez era o patrão que explicava a Sérgio tudo o que ele deveria fazer em seu novo cargo na matriz e quais medidas ele deveria tomar para fechar a sua filial sem causar muito descontentamento em sua cidade. Muitos empregados seriam transferidos. Outros, infelizmente, seriam demitidos.

Seu patrão mostrou-lhe muita consideração, já que conhecer tudo aquilo em detalhe teria pouquíssima importância para a companhia , com em relação ao seu novo posto, que era muito inferior em importância e liderança.

Tenso e preocupado, Sérgio voltava para casa. Durante aqueles últimos quarenta minutos que o separavam de sua casa, pensava. Não conseguia se desligar do trinômio: mulher, filhos , emprego. A paisagem noturna que tanto admirava, tornara-se simplesmente um pano de fundo com as cores desbotadas e quase invisíveis.

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