Ele continuava confuso. Um barulho que provinha do exterior chamou-lhe a atenção. Pela janela viu um veículo semelhante àquele que vira na noite anterior. Isto fez com que suas feições se tornassem plácidas. A nova realidade estava começando a fazer parte dele.
-Espero que tenha apreciado sua viagem.
Surak sentiu sua vestimenta. Não era feita de nenhum material conhecido. Entretanto, suas cores e linhas se amoldavam ao seu estado de espírito naquele momento. O seu interlocutor usava roupas do mesmo material, bastante diferentes das de Surak.
-Vamos sair, você precisa de ar puro.
Com espanto, Surak viu o seu anfitrião atravessar a parede. Com muito mais, percebeu que também podia faze-lo.
-Como é possível?
-Por onde nós passamos não havia parede, não havia nenhum corpo sólido. Simplesmente passamos através do ar. Os seus sentidos lhe dizem que a parede é ininterrupta, mas na verdade há algumas separações. Acabamos de passar por uma delas. Com o tempo, você poderá distingui-las e não quebrar o nariz quando tentar atravessar por uma parede de verdade.
-Você disse “com o tempo”? Serei obrigado a ficar aqui...?
-Não, não, nada disso. Você não é nenhum prisioneiro.
Ele respondia enquanto guiava Surak por um corredor, que se mantinha iluminado através das cores das paredes.
-Só queremos que fique mais um pouco aqui para ter tempo suficiente para conhecer a nós e a nossa civilização. Se você quiser voltar agora mesmo, é só pedir. A escolha é sua.
Surak nada respondeu por estar preocupado em atravessar, após seu anfitrião, a parede que os levaria ao exterior.
O sol brilhava intensamente. À frente deles, um bosque. De onde estava, Surak podia ver muitas pessoas que alegremente faziam piquenique, corriam, davam gargalhadas, dançavam ou simplesmente cantavam.
-Não parece que se importam com a presença de estrangeiros.
Observou Surak e perguntou: “A propósito, qual o seu nome?”
-Flavivs.
-Um nome do meu planeta.
-Nós nos interessamos muito em estudar a História da Terra e de outros planetas. Entusiasmamo-nos tanto que, às vezes, damos a nossos filhos seus nomes. Na verdade, eu sou um perito em vivilizações do seu planeta. Sei quase tudo sobre elas, aprendi muitas de suas línguas...
-A minha inclusive.
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